quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Primal scream


   E aqui estamos, milhões de anos de evolução, maquinas de lavar louça, tablets e novelas do Manoel Carlos depois, achando que podemos nos dar ao luxo de carregar a alcunha de civilizados, quando de repente somos surpreendidos pelo mais primários dos instintos.A necessidade faz coisas estranhas com a gente.
   O mais estranho é ter uma percepção dessas no meio de um supermercado e pior ainda por causa de um saquinho de polvilho doce, não qualquer saquinho de polvilho doce, o ultimo saquinho de polvilho doce da prateleira. É claro que a cidadã que me fechou com seu carrinho, tranquilamente jogou o saquinho no seu e saiu andando, pode nem ter me visto e é provável que algum funcionário logo viesse repor os produtos ausentes, mas quem disse que essa racionalização relutante refreou meu desejo de pular na jugular da pessoa ou conteve minha verborragia mental que não só a amaldiçoava, mas também seus filhos, pais, marido, cachorro e mesmo as células que compunham sua medula.
   Honestamente devo dizer que sou feliz por ela ter saído andando enquanto eu tinha minha epifania porque depois que caí na real, percebi o quanto estava sendo ridícula e senti um misto de vergonha e frustração de dona-de-casa, a lá desperate housewives, porque eu realmente precisava desse polvilho.
   Mas a volubilidade dos meus sentimentos (geralmente pacíficos), ainda mais por algo tão banal, me fez pensar no quão fina é a camada de verniz social que nos encobre e em quanto é o controle que realmente temos sobre nossas ações.
   Outro dia em um discovery channel da vida, soube que 98,4% do DNA humano é idêntico ao do chimpanzé e que seu parente mais próximo somos nós e não os gorilas, como se pensava anteriormente. Na hora não pude evitar que um sorriso distraído me viesse aos lábios, penso que não fui a única a reagir dessa forma, estamos tão acostumados a pensar nos seres humanos como superiores que usamos o termo animal racional com certa condescendência, já não acreditando que somos de fato animais e esquecendo que nossos pretensioso empirismo pode, em quase todos os casos, ser facilmente explicado pela biologia, química, psicologia ou evolução.
   No final das contas, o que nos resta além de obedecer á esta ópera dos instinto regida com uma maestria cruel e precisa pela mãe natuza, quem nós realmente somos sem todos essas endorfinas e dopaminas? Será que de fato existe um nós sem tudo isso? Que as discrepâncias de personalidade não passam de uma questão hormonal? Questões que levanto irresponsavelmente, sem certeza de que haja uma resposta, o que torna todo esse questionamento um tanto vazio de significado. C'est la vie, procurarei em outro supermercado.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Welcome to the jungle!

   Depois de uma centena de blogs perdidos na via láctea virtual e de uma infinidade de recomeços, cheguei à conclusão de que ainda tenho energias para começar tudo de novo. Este blog, no entanto, vem com um adendo: A promessa de continuar escrevendo haja o que houver.
   A vocês, caros leitores invisíveis, devo duas coisas: Um aviso e um conselho.
   O aviso: Poderão haver longos períodos sem inspiração, onde os textos serão tolos e sem sentido para ninguém além de mim ou simplesmente serão inexistentes, quanto a isso, não há nada que eu possa fazer.
   O conselho: Aceitem estes períodos com resignação e certo estoicismo (como eu já o fiz) e lembrem-se que todos chegaram aqui pelas próprias pernas (metaforicamente, é claro), portanto não esperem nada de mim e eu farei a gentileza de retornar o favor, afinal essa ainda é, na minha opinião, a melhor maneira de demonstrar afeto.
   Bem, este foi o meu "bem vindos", um tanto ranzinza, porque eu trabalho num supermercado e um tanto breve porque já passam das 00:00hs, espero (com um fervor quase fanático), que estas sejam apenas as primeiras de muitas linhas que virão.